O JOGADOR
Um jogador nunca saberá ao certo o gosto que tem um diálogo desinteressado entre um homem e uma mulher, o fruir de uma amizade, um flerte, e, muito menos, a força e o encanto de um amor verdadeiro: como acomodou-se com a mediocridade do seu quinhão, agora, à espreita, silencioso confabula, espia, arma o bote contra a sua presa: atrevido deduz que com certeza ele a pegará na curva; tudo será apenas uma questão de tempo. Sem discernimento sobre as coisas da dor, o jogador subjuga, iguala, descompromete-se, nivela por baixo, atreve-se.
Ah, com certeza você se sentiria um idiota nas mãos de um jogador!
Um jogador manipula, apropria-se do pensar e do agir do outro com uma certa empatia, da forma que mais lhe convém. E, se possível, sofre por antecipação, porque, por antecipação, ele também tudo espera a seu favor..., julgando o caráter do outro sem nenhum critério ou esforço que requeira qualquer envolvimento emocional da sua parte, só a sua conveniência lógica: o jogador intui-se inteligente demais para manter um certo “intercâmbio” desinteressado com os outros pobres mortais. E é por isso que ele não faz confidências, não partilha, não comunga, a não ser com pessoas que vão de encontro aos seus interesses. Um jogador reluta sempre em revelar-se nas palavras, em “mostrar-se...” em seus sentimentos..., em confessar-se nos gestos, porque usa máscaras o tempo todo. Mas, em contrapartida, ele nunca conhecerá a chama da cumplicidade que brota de uma confidência espontânea.
O jogador é um ser extremamente solitário. Embora viva sempre rodeado de gente. E fale para muitas gentes...
Um jogador não tem alma. Logo, ele não possui um coração “de verdade...” para confessar-se... em seu amor..., em sua dor..., porque ele é impassível. Por isso, os jogadores jamais suspirarão ansiosos, jamais serão arrebatados pela adrenalina da paixão que nos faz perder o sono, andar perfumados e sorridentes na rua, e nascer de novo; eles jamais entenderão a questão do “corar-se,” jamais esperarão cartas sinceras...; os jogadores definitivamente não se entregarão, não sofrerão por amor..., porque, incrédulos, são vazios de corpo e alma, já que são pessoas “afetadas...”
Aos exímios jogadores, os meus pêsames!
VERA FORNACIARI
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
ANTÔNIO MARIA...,RUBEM BRAGA..., CHICO SÁ!
ANTÔNIO MARIA..., RUBEM BRAGA..., CHICO SÁ!
Não é feio dizer que não faz muito tempo que conheci a força do romantismo de Antônio Maria. Apaixonei-me. Perdidamente (também pudera: apaixonei-me até por “Bambi...”). Mas que mulher “normal” não ficaria lisonjeada com o seu “Café Com Leite?” Que mãe normal não se convalesceria diante da sua sofrida “Conversa de Pai e Filha? Não é nenhum mérito particular apaixonar-me por algo grandioso assim. Com certeza, todas as românticas do mundo, adeptas ao água-com-açúcar, como eu, o fizeram.
Mas só quem encontrou Rubem Braga distraída como eu em “Os Amantes,” para ser pega de surpresa com toda a intensidade de um texto sedutor. Profundo, Rubem gela até a alma. Cheguei a sentir a sua respiração ofegante naquele apartamento abafado, cuidando, amando, sofrendo, com toda a força do seu amor.
...Nos últimos dias, andei muito bem acompanhada lendo verdadeiras lições de sensibilidade e delicadeza, que, aliás, todos os homens deveriam ler. Principalmente se o Mestre for Chico Sá, dando uma aula magna sobre as peculiaridades da alma feminina em “Quando As Mulheres Acordam.”
Crônicas: subjetividades do cotidiano que transcendem e eternizam-se, quando de exímia excelência!
VERA FORNACIARI
Não é feio dizer que não faz muito tempo que conheci a força do romantismo de Antônio Maria. Apaixonei-me. Perdidamente (também pudera: apaixonei-me até por “Bambi...”). Mas que mulher “normal” não ficaria lisonjeada com o seu “Café Com Leite?” Que mãe normal não se convalesceria diante da sua sofrida “Conversa de Pai e Filha? Não é nenhum mérito particular apaixonar-me por algo grandioso assim. Com certeza, todas as românticas do mundo, adeptas ao água-com-açúcar, como eu, o fizeram.
Mas só quem encontrou Rubem Braga distraída como eu em “Os Amantes,” para ser pega de surpresa com toda a intensidade de um texto sedutor. Profundo, Rubem gela até a alma. Cheguei a sentir a sua respiração ofegante naquele apartamento abafado, cuidando, amando, sofrendo, com toda a força do seu amor.
...Nos últimos dias, andei muito bem acompanhada lendo verdadeiras lições de sensibilidade e delicadeza, que, aliás, todos os homens deveriam ler. Principalmente se o Mestre for Chico Sá, dando uma aula magna sobre as peculiaridades da alma feminina em “Quando As Mulheres Acordam.”
Crônicas: subjetividades do cotidiano que transcendem e eternizam-se, quando de exímia excelência!
VERA FORNACIARI
Assinar:
Postagens (Atom)